segunda-feira, 13 de março de 2017

Proposta I- Ensaio teórico

“(…) music sounds as feelings feel. And likewise in good painting, sculpture, or building, balanced shapes and colors, lines and masses look as emotions, vital tensions and their resolutions feel.”

Seguindo este pensamento de Susanne K.Lenger, inserido na obra “Primer of Visual Communication” de Donis A. Dondis, esta presente composição visual tem como objetivo refletir as emoções e sensações que a música selecionada provoca, através dos elementos básicos da comunicação visual e das técnicas de comunicação visual. A realização deste trabalho tem por base, também, a interpretação individual que fiz da música e como ilustrei a forma como a senti.
Relativamente à interpretação feita da música, irei começar por explicar os elementos que constituem a minha composição visual. O olho representa, essencialmente, o título e refrão da música. Numa postura de indignação com o futuro e de simulação de situação hipotéticas que visam suprir a ausência  da figura paternal referida na música, o verso “oh if you could see me now” é referido diversas vezes ao longo da música, sendo o olho uma referência à visão, remete, então, para esse verso. No entanto, essa visão representada nao é a da figura do pai, mas do filho, visto que durante a música o vocalista imagina como seria se o seu pai estivesse vivo. O filho o vê com diferentes olhos, com um olhar de tristeza, sendo que a memória que lhe surge é do dia dos namorados, em que as rosas surgiram “the roses came” mas o seu pai foi levado “but they took you away” , daí a representação das rosas, que simbolicamente representam aquilo que ele ele recorda do pai. As rosas na lente do olho simbolizam a mensagem da música e, também, aparecem no  videoclip da música, como uma tatuagem do vocalista. O céu, juntamente com as rosas, representa a morte no contexto da musica, sendo o lugar onde se encontra o pai.  Numa tentativa de tentar encontrar uma complementariedade entre a capa e o CD, o olho volta a aparecer  no CD e o que estava no reflexo da lente torna-se mais nítido, que são as rosas.

Os elementos básicos da comunicação visual constituem o interior, a fonte do que vemos. Uma das maneiras de se analisar uma obra visual, consiste em decompor os seus elementos constituintes para compreender melhor todo o conjunto.  Esta afirmarção é comprovada através da psicologia de Gestalt, como refere Donis A. Dondis (2007) (“...sua base teórica é a crença em que uma abordagem da compreensão e da análise de todos os sistemas exige que se reconheça que o sistema(ou objeto, acontecimento, etc.) como um todo é formado por partes interatuantes, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes”  
Segundo Donis A. Dondis (1973) “Any visual venture, no matter how simple, basic, or lowly, involves making something that was not there before, making palpable that which does not yet exist."
Então como criar algo da raíz? Donis A. Dondis (1973) explica “Visual composition starts with the basic elements: dot, line, shape, direction, texture, dimension, scale, and movement.
Assim, irei descrever quais dos elementos acima citados estão presentes na minha composição.
O ponto é unidade de comunicação visual mais simples, no entanto atrai e imediato o olhar humano. Lúcia Santaella (2012) sustenta que “O ponto é a unidade visual mínima, responsável por sinalizar e marcar o espaço ocupado pelos elementos visuais. Um ponto no plano ou no espaço exerce grande atração sobre a visão humana [...] Quanto mais vários pontos estão próximos uns dos outros, mais aumenta sua capacidade de guiar o olhar.”
O ponto faz fixar o olhar do publico para a mensagem que quer ser transmitida, ou seja para o foco da composição, e está presente, por exemplo, no centro do olho.
Quando a proximidade dos pontos não permite a visão de identificá-los como individuais, os pontos se convertem em linha. Segundo Christian Leborg (2015) “Uma linha pode ser entendida como uma quantidade de pontos adjacentes uns aos outros. Uma linha pode ser infinita ou ter dois pontos finais. A menor distância entre dois pontos é uma linha reta”. As linhas finas que contornam os olhos, por exemplo, demonstram uma total delicadeza.
Donis A Dondis (2007) refere que “A linha descreve uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilatero. Cada uma das formas básicas tem suas características específicas, e a cada uma se atribui uma grande quantidade de significados(...)”
A forma está presente em toda a composição, não só o formato da capa e do próprio CD, mas também dos elementos que os compõe, como o quadrado na capa onde está inserido o olho ou a forma redonda como as rosas se apresentam dentro da lente do olho.
Para Rudolf Arnheim (2005) “ a forma sempre ultrapassa a função prática das coisas encontrando em sua configuração as qualidades visuais como rotundidade ou agudeza, força ou fragilidade, harmonia ou discordância. Portanto são lidas simbolicamente como imagens da condição humana. De fato, estas qualidades puramente visuais da aparência são as mais intensas. São elas que nos atingem mais direta e profundamente.” 
Os contornos básicos de uma imagem originam três direções: no quadrado apresentam-se as direções verticais e horizontais, por exemplo. O quadrado presente na capa do CD apresenta, então, direções verticais e horizontais, que permitem estabilidade e equilíbrio das propriedades visuais. Danis A. Dondis (2007) sustenta que o “Seu significado mais básico [da referência horizontal-vertical] tem a ver não apenas com a relação entre o organismo humano e o meio ambiente, mas também com a estabilidade em todas as questões visuais. A necessidade de equilíbrio não é uma necessidade exclusiva do homem: dele também necessitam todas as coisas construídas e desenhadas.”
O tom, que corresponde às variações de luz, é denotado, por exemplo nas diferentes tonalidades das nuvens e do céu. O tom permite representar o mundo como algo dimensional devido à sensação de luz refletida e asombras projetadas.
Segundo Christian Leborg (2015) “as cores são diferentes comprimentos de onda da luz. Objetos concretos e os materiais dos quais sao feitos refletem somente pare do espectro luminoso e,assim, parecem ter uma cor.” A cor está presente em toda a composição visual: no céu, nas rosas, no olho. As cores, no seu âmago, estão estritamente associadas às emoções.
A cor de fundo  da capa do cd, um azul céu, representa a naturalidade.  Para Johannes Itten (1976 ) a cor azul é associada com a forma de um círculo “the circle generates a feeling of relaxation and smooth motion. It is the symbol of the spirit, moving undivided within itself”. Além disso, o azul é, muitas vezes, associado à paz, depressão e calma, muito relacionado com todo o sentido damúsica. A cor vermelha, está associada a energia, ao sangue e ao amor, sentimentos interligados na música. Por um lado negativo, também representa raiva, batalha, crueldade, relacionado com os sentimentos de revolta que advêm da letra que compõe a música. Rosas vermelhas, representam o amor, que a música tanto demonstra em forma do amor de um filho para com o pai falecido. A título de curiosidade, é também acreditado na costa Ivory, em África, que esta cor indica a morte e na índia é o símbolo do soldado, que neste caso poderia ser uma metáfora para o vocalista que luta contra a batalha da sua dor. O branco das nuvens transmite luz, pureza , virtude, luminosidade, paz e por um lado negativo, a solidão e fragilidade que a música tanto representa. Curiosamente, na China e no Japão é a cor do luto.
Para Donis A. Dondis (2007) a textura “é o elemento visual que com frequencia serve de substituto para as qualidade de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de ambos.”
Neste caso, a textura é expressa apenas visualmente, como a textura das nuvens do céu ou então a textura suave das rosas.
Os elementos visuais têm propriedade de se definir e modificar uns aos outros, e a isso se chama escala. Adicionalmente, a definição aliada a este conceito é de que “o grande não pode existir sem o pequeno”, de Donis A Dondis (2007). Neste caso, a escala está presente na diferença de tamanhos entre o quadrado maior da capa do CD e o quadrado que está sobreposto a esse, o da figura do olho.
 “As técnicas visuais oferecem ao designer uma grande variedade de meios para a expressão visual do conteúdo.” (Dondis,2007)
Na minha composição, está presente o equilíbrio e estabilidade devido à forma como os seus elementos estão organizados, transmitindo harmonia. A assimetria é outro aspecto presente na composição, uma vez que se dividíssemos ao meio as figuras, um lado não seria rigorosamente igual ao outro.
A irregularidade também está presente, sendo que a composição não segue uma lógica ou “um plano decifrável”,e é possível denotá-la através das formas das nuvens e das diferentes abordagens feitas no projeto.
A simplicidade é outra técnicas presente no meu trabalho, uma vez que são poucos os elementos existentes no mesmo, podendo ser separados em 3: o olho, o céu e as rosas, não sendo uma leitura complexa para o leitor.  A fragmentação é outra técnica que está presente no trabalho, uma vez que todos os elementos se conjugam entre si,no entanto não podem ser considerados como Donis A. Dondis (2007) caracteriza “como uma única coisa”, sendo a fragmentação “a decomposição dos elementos e unidades de um design em partes separadas, que se relacionam entre si mas conservam seu caráter individual”.
A profusão está também presente no trabalho, uma vez que esta composição teve “um enriquecimento visual”.
O estase é uma técnica que consta na composição, visto que nenhum dos objetos trespassa a sensação de estar a mover-se, apresentando “um efeito de repouso e tranquilidade”
A opacidade também se verifica, uma vez que o quadrado menor predisposto em cima do maior não permite que se veja o que estã por trás, e o mesmo acontece no CD, onde a imagem do olho não permite que seja vista aquela parte do ceu.
Neste sentido, há também uma justaposição de imagens, visto que nem na capa nem no CD em si a imagem esta singularizada.

Por último, é possiível identificar uma distorção da imagem, justificadas pelas diferentes características do olho, tendo sido as lentes manipuladas, por exemplo. 

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